Nilton relembra passagem pelo Vasco e dificuldades por salários atrasados

Quinta-feira, 18/12/2014 - 09:11
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Nilton tornou-se um dos principais nomes do Cruzeiro no bicampeonato brasileiro consecutivo. É inegável que a participação do jogador, sobretudo em 2013, foi preponderante para o time de Marcelo Oliveira. O volante, no entanto, teve dificuldades no início da carreira, quando foi 'desvalorizado' pelo Corinthians, clube que o revelou, e na sequência, atravessou problemas financeiros no Vasco, que o deve até hoje.

O meio-campista apareceu entre os profissionais do time do Parque São Jorge em 2005 e demorou a se firmar. A dificuldade é algo recorrente na agremiação. Exemplos não faltam de atletas que deixaram o local para aparecer em outros clubes. Ao ser questionado sobre o fato, Nilton não esconde a mágoa.

"A importância da formação é grande, é bacana para todos, mas se segurassem mais para encorpar o jogador, seria o ideal. Não dão tantas oportunidades. Mas tem a questão do dinheiro também. A quantia é absurda. A valorização é necessária. Tinham que segurar e ver o que o jogador pode mostrar técnica e psicologicamente. Às vezes, o atleta tem uma sequência de jogos e fica, mas isso não basta. Requer um trabalho total", disse ao UOL Esporte.

"Até o Fagner pode ser acrescentado nessa lista (de jogadores da base que não têm sequência no Corinthians), tem o Jô também. Até lembro que estávamos no profissional B e o técnico precisava de um lateral-direito. Indiquei o Fagner, disse que ele tinha condições. Estava sem lateral, o Coelho tinha saído. Ele fez seis, sete jogos e foi vendido para o PSV. O Jô também foi vendido, era o jogador mais novo a atuar pelo profissional", completou o jogador.

O caso do volante bicampeão nacional tem uma particularidade. No início de 2009, quando passou a ter mais oportunidades, o então técnico Mano Menezes o liberou para negociar com outras equipes. O meio-campista acredita que faltou 'bom senso' ao comandante,

"Vinha jogando, indo para o banco. Estava atuando. Tinha seis volantes no Corinthians à época e, mesmo assim, ia para os jogos. Houve a contratação do Túlio, que estava no Botafogo. Foi no período que o Ronaldo foi para o Corinthians. O Mano nem chegou em mim para falar. Quem falou comigo foi o Sidnei. Ele chegou para mim e disse: 'as portas estão abertas, o Mano não vai te utilizar, pode procurar um clube que tenha interesse em você'. Acho que, no meu ponto de vista, não teve nenhum pouco de bom senso de chegar e falar, até porque conversava com o Mano. Não houve isso da parte dele. Falou que não teria espaço e ele queria que seguisse minha carreira. Hoje, agradeço a atitude dele, porque consegui seguir minha vida adiante", afirmou.

Nilton não enfrentou problemas apenas no Corinthians. O volante viveu um momento conturbado com a camisa do Vasco entre 2009 e 2012. Em São Januário, chegou a ficar seis meses sem receber salários e, em algumas situações, tinha dinheiro somente para encher o tanque do carro.

"Foi um momento difícil. Tinha momentos que tinha dinheiro só para colocar a gasolina no carro para ir treinar. Morava de aluguel, tinha todas as dificuldades. Tirei minha esposa da casa dos pais dela, onde ela tinha conforto, para passar dificuldade comigo. Foi um momento difícil, ainda tenho coisas para receber do Vasco. Coloquei o clube na Justiça e está rolando. Aquilo me encheu de força para continuar jogando", declarou.

"Mesmo ficando seis meses sem receber salário (no Vasco), a gente tentava trabalhar com tranquilidade. Às vezes não tinha como. Tinha que voltar para casa, olhar para a esposa, para a família e dar um argumento, ter uma justificativa. A gente acabou se fechando e buscando algo de bom para todos", acrescentou.

Mesmo que tenha se firmado no Cruzeiro, o jogador aparece entre os prováveis negociáveis do clube para a próxima temporada. O Internacional procurou a diretoria do bicampeão brasileiro e fez proposta pelo atleta, mas ouviu uma resposta negativa do presidente Gilvan de Pinho Tavares. As tratativas, contudo, não se encerraram e existe a possibilidade de ele seguir para o Beira-Rio.

Fonte: UOL