Jogadores da seleção uruguaia se rebelam contra federação e podem não atuar mais pela Celeste

Quarta-feira, 24/08/2016 - 05:47
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Uma oferta da Nike para vestir a seleção uruguaia, cinco vezes maior do que a feita pela Puma, uniu as estrelas da celeste contra a AUF, a federação do país, e pode até fazer com elas abandonem o time, que na próxima semana joga pelas eliminatórias para a Copa de 2018.

No meio da disputa, está a nebulosa relação entre uma empresa, a Tenfield, e a federação uruguaia. Há 18 anos é essa companhia que tem os direitos sobre a seleção duas vezes campeã mundial, faturando com verbas de televisão e também fazendo a intermediação de patrocínios, como o da Puma.

Para quebrar esse monopólio, estrelas uruguaias, lideradas pelos zagueiros Godín e Lugano, e com apoio do astro Suárez, conseguiram oferta da Nike de US$ 3,5 milhões (cerca de R$ 11,5 milhões) por ano para AUF. Isso é praticamente cinco vezes o que a Puma oferece: US$ 750 mil, ou R$ 2,4 milhões.

Boa parte dos jogadores da seleção não tem qualquer vínculo com a Nike. O objetivo deles é apenas melhorar as condições financeiras do futebol uruguaio, que tem recursos bastante modestos e vê seus jogadores deixando o país ainda jovens.

Mesmo com diferença tão grande, os cartolas uruguaios não chegaram a uma conclusão sobre qual oferta aceita em reunião na semana passada. E isso uniu os jogadores.

Uma enxurrada de trocas de mensagens por Whatsapp fez os atletas prometerem que vão lutar contra o "monopólio de 20 anos" na federação. E divulgaram comunicado exigindo "dignidade, transparência e respeito pelas pessoas".

E, segundo o jornal uruguaio ‘El País', podem ir mais longe caso em nova reunião nesta terça-feira os dirigentes não mostrem uma proposta da Puma igualando a oferta da Nike.

Caso isso não aconteça, os jogadores dizem que não vão mais ceder seus direitos de imagem. Na prática, isso inviabiliza que eles continuem jogando pela seleção.

Veja a carta divulgada pelos jogadores na íntegra:

"Há anos que o elenco da seleção lta para reestruturar e profissionalizar a relação de imagem com a AUF, coisa que atualmente tratamos com o Executivo e, muito especialmente, por democratizar todas suas estruturas, algo que é urgente. Se ocorrer, a AUF poderá servir com muito mais eficácia as necessidades do futebol em nosso país e cuidar de seus recursos com independência - e potencializá-los. Só assim não seguirá vendendo sue rico patrimônio ao baixo preço da necessidade.

Em momentos decisivos para o futebol uruguaio, só exigimos que haja dignidade, transparência e respeito pelas pessoas, pelos futebolistas e, principalmente, pelos valores democráticos que sempre identificaram nosso país, nosso povo!

Estamos a favor do futebol uruguaio e não estamos contra nada, exceto por aqueles que querem atacar o futebol uruguaio. Demos e seguiremos dando tudo pela Celeste dentro do campo e queremos contribuir por um futebol melhor fora dele. Esse será nosso maior legado, nossa maior herança para as gerações futuras, que vão ter mais sucesso"




Fonte: ESPN.com.br